sexta-feira, 22 de julho de 2011

Birdwatching na Serra Catarinense


ELES TE ESPERAM NA SERRA
DIÁRIO CATARINENSE 22/07/2011


É com imensa satisfação que divulgo no meu blog a matéria sobre meu trabalho fotográfico e birdwatching na Serra Catarinense, publicada no maior e mais importante Jornal de Santa Catarina -  Diário Catarinense.






 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Birdwatching na Serra Catarinense

A FESTA DO LIGUSTRO

Na década de 1980 foi introduzido com fins paisagísticos em Bom Retiro, bem como em toda Serra Catarinense o Ligustro (Ligustrum lucidum), planta exótica de origem chinesa e coreana. A árvore é de rápido crescimento e fácil adaptação, podendo chegar até 15 metros de altura. O florescimento ocorre entre novembro e janeiro e a frutificação de maio a agosto. Entre os ambientalistas existe um descontentamento e preocupação em relação à dispersão da espécie que ocorre de maneira rápida e é capaz de competir e impedir a regeneração de plantas nativas. No entanto, apesar do ligustro certamente ter impacto negativo ao meio ambiente as aves têm se beneficiado de seu fruto. Pois, com a chegada do frio intenso aqui na Serra Catarinense e por sua vez a escassez da oferta de alimento nas matas, as aves frugívoras encontram no ligustro a única fonte de alimento na estação invernal.  Como, por enquanto a maior parte da espécie invasora está mais concentrada nas praças e arredores da cidade os pássaros estarão nas próximas semanas bem presentes nos centros das cidades. Em Bom Retiro o ligustro têm atraído além de saíras, sanhaçus e sabiás o tucano-de-bico-verde que em grupos de 3 a 5 indivíduos têm freqüentado as praças e jardins da cidade em busca do ligustro para dele se alimentarem. No ano passado (2010) alguns alunos no período de entrada e saída de aula, atraídos talvez pelo colorido das penas desta ave singular começaram a atirar pedras na tentativa de matá-los, de maneira que durante um mês montei guarda nos horários de fluxo de alunos no Jardim Hercílio Luz (Praça central de Bom Retiro) na tentativa de impedir e conscientizar os mais jovens a não agredirem as aves. Além desta ação estive na Rádio Portal da Serra informando e orientando a população para que não maltratassem os tucanos que trazem para as praças de Bom Retiro um colorido especial durante essa fria estação. Nesse ano, se necessário for, certamente estarei novamente mantendo o plantão com o objetivo de garantir que as aves e em especial o tucano-de-bico-verde não seja alvo de agressões.
Abaixo você visualiza o ensaio fotográfico das belas aves que voam de um ligustro para outro fazendo uma verdadeira festa no centro de Bom Retiro/SC:













_________________________________________________________________________
© Todos os Direitos Reservados - Estas fotos estão protegidas pela Lei do Direito Autoral, Nº 9.610, de 19/02/98. Portanto é proibida qualquer reprodução ou divulgação, com fins comerciais ou não, sem minha prévia autorização. Contato: e-mail - dario_lins@hotmail.com

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Birdwatching na Serra Catarinense

MEU CAQUI, MEU CAQUIZEIRO

Essa semana foi de intensas chuvas aqui na Serra Catarinense, as previsões estão novamente indicando a possibilidade de haver a ocorrência de neve.  As condições climáticas estão muito semelhantes ao inverno do ano passado e haverá nas próximas semanas dias de muito frio. Com a queda das temperaturas e o gelo das geadas a flora da Serra Catarinense embora adaptada ao clima sofre demasiadamente com o frio intenso, de forma que há uma diminuição significativa na oferta de alimentos nas florestas especialmente para as aves. Isso faz com que inúmeras espécies deixem as matas e passem visitar diariamente as praças, jardins e quintais das cidades. Desde garoto acompanho esse fenômeno, no passado havia aqui em Bom Retiro inúmeros caquizeiros nos quintais e as aves como Sabiá-laranjeira, Sabiá-poca, Sabiá-coleira, Sanhaçu-frade, Saíra-preciosa, Sanhaçu-papa-laranja, Tiê-preto, Sabiá-do-campo, Sanhaçu-cinzento, Sanhaçu-de-encontro-azul e Bico-grosso se fartavam com os deliciosos caquis.  


Na casa aonde vivi minha infância quando tinha 6 (seis) anos minha avó Enedina plantou juntamente comigo um caquizeiro e disse que aquela árvore me pertencia. Nunca me esqueci daquele dia e cresci cuidando daquele caquizeiro com muito carinho e ano após ano era uma festa tanto para mim quanto pelas aves que dele se alimentavam no inverno.  Morei nesta casa até meus 11 anos, então nos mudamos para uma casa nova ao lado, porém, o caquizeiro continuava no meso lote, e na antiga casa a família de um tio, porém eu continuava me considerando o “dono” daquela árvore. 


Aos 21 anos me casei e saí de casa e o caquizeiro continuou lá cumprindo fielmente seu dever de produzir deliciosos caquis todos os anos. Após esse período por uma questão de divisão de herança a gleba de terras aonde foi plantado o caquizeiro, ficou com a família de um tio. E o “meu” caquizeiro que recebi de presente da minha avó foi após 30 anos sumariamente cortado.  Isso ocorreu no ano passado e eu infelizmente estava na casa do meu pai quando ouvi o som de um moto-serra e o barulho de uma árvore caindo ao chão. Senti um arrepio dos pés a cabeça e um mal-estar que me causou literalmente náuseas. Minha mente se reportou ao passado e abruptamente voltou para o triste presente. Vi minha querida avó plantando o caquizeiro, eu um menino todo orgulhoso, as aves se alimentando de seus frutos e agora aquela árvore que me acompanhou por 30 anos estava no chão. Confesso que fiquei revoltado e extremamente chateado. Uma chateação que ainda me incomoda quando recordo a forma como tudo ocorreu. Para mim foi como se a memória de minha avó fosse desrespeitada e tudo o que tínhamos vivido ali não tivesse nenhum significado para alguns. Na casa de meu pai todos ficamos extremamente tristes. 


Certamente os mais prejudicados foram os pássaros frugívoros que nestes 30 anos aprenderam geração após geração a procurar alimento naquele quintal. 30 (trinta) anos é o tempo de vida de um Sabiá-laranjeira e fico imaginando um velho sabiá que como eu viu aquele caquizeiro crescer e dele se alimentar todos os invernos de sua vida. É triste ver a chegada de alguns pássaros que completamente perdidos procuram alimento e precisam voar para outros locais, pois, aquele caquizeiro que estava ali para alimentá-los neste período de escassez, fora cortado e sua madeira usada como lenha. 


Mas nem tudo estava perdido, como um milagre, bem próximo ao tronco que restou do “meu” caquizeiro uma mudinha se formava. Fui ao local e retirei a muda do filho do “meu” caquizeiro e o replantei em um local seguro longe do “perigo”. A mudinha segue firme e forte, com as últimas  geadas perdeu as folhas, mas na primavera como ocorre todos os anos irá rebrotar e continuará a “missão” de seu pai que tombou. Certamente as novas gerações de aves terão onde buscar alimento quando o inverno chegar todos os anos aqui na Serra.   

As fotos a seguir são de pássaros fotografados alimentando-se de caquis, e dessa forma presto uma singela homenagem para dois seres especiais: minha avó Enedina e “meu” caquizeiro:











_________________________________________________________________________
© Todos os Direitos Reservados - Estas fotos estão protegidas pela Lei do Direito Autoral, Nº 9.610, de 19/02/98. Portanto é proibida qualquer reprodução ou divulgação, com fins comerciais ou não, sem minha prévia autorização. Contato: e-mail - dario_lins@hotmail.com