segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Birdwatching no Parque Nacional da Lagoa do Peixe - Tavares/RS

DIÁRIO DE BORDO 
VIAGEM  AO PARQUE NACIONAL DA LAGOA DO PEIXE
TAVARES/RS

Por ocasião do 6º AVISTAR - ENCONTRO BRASILEIRO DE OBSERVAÇÃO DE AVES, três fotos de minha autoria foram premiadas no 5º Concurso AVISTAR de Fotografia de Aves, numa competição com cerca de 10.000 fotos. Entre as premiações que recebi havia a oportunidade de escolha de 10 destinos em todo o Brasil. Sem titubear escolhi as Lagoas do Peixe e dos Patos, localizadas no Rio Grande do Sul. O prêmio era oferecido pelo Guia local João Batista proprietário do Hotel Parque da Lagoa e Lagoas Expedições e Turismo - http://www.hotelparquedalagoa.com.br/ localizado em Tavares/RS. O local é uma planície costeira arenosa entre o Oceano Atlântico, Lagoa do Peixe e Lagoa dos Patos. Haja vista a importância do local para preservação de inúmeras espécies de aves a região foi criado o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Sua  paisagem é composta por mata de restinga, banhados, campos de dunas, lagoas de água doce e salobra, além de praias e até uma área marinha. 
A Lagoa do Peixe possui uma extensão de cerca de 35 km e 1,5 km de largura. Suas águas são raras de 10 a 60 cm, somente na barra, onde encontra a água do mar, a profundidade pode chega a 2 metros.  A mistura de água doce e salgada, aliada a ventos intensos, permite a concentração de nutrientes, consumidos por uma variedade de pequenos organismos que são a base da cadeia alimentar. As características do local e a fonte de alimento permitem a sobrevivência de uma fauna variada. Além do camarão, há uma variedade de vermes, peixes, caranguejos e moluscos, que garantem a alimentação das aves migratórias e residentes.
Com uma lista elaborada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos com 221 espécies de aves o local era o ideal para alguém apaixonado pelas aves como eu.

Tudo pronto para a viagem partimos eu, Soraya e Lesther de Bom Retiro/SC no dia 26/10/11 às 05:00 hs da madrugada em Palhoça nos esperava o cunhado Walter e de lá seguimos viagem, percorrendo 650 km até alcançarmos o destino em  Tavares/RS, aonde chegamos às 15:30 hs.  Assim que chegamos ao Hotel Parque da Lagoa fomos fazer um rápido reconhecimento da região e logo encontramos uma ave belíssima que há muito tempo sonhava em fotografar – o Maguari, também conhecido como João-grande (Ciconia maguari). Permitiu-nos uma aproximação incrível e juntamente com o Lesther e Walter fizemos inúmeras fotos do grandão que com suas pernas longas começou a se afastar.



Estávamos muito cansados e voltamos para o hotel, pois no dia seguinte as atividades se iniciariam muito cedo.

Para nossa surpresa estavam ali hospedados e retornando de campo 4 membros do CEO - CENTRO DE ESTUDOS ORNITOLÓGICOS, que após o levantamento das espécies em Tavares pretendiam seguir para a Serra a procura das espécies endêmicas como o Pedreiro, Veste-amarela, Noivinha-de-rabo-preto e o Grimpeirinho.  Consultado sobre a ocorrência das espécies e após analisarem minhas fotos e os locais aonde fiz os registros, decidiram mudar a rota e se dirigirem a Serra Catarinense.

Logo em seguida numa conversa agradável com o carismático Batista elaboramos os roteiros e após um revigorante noite de sono e um delicioso café da manhã servido no Hotel, seguimos muito bem embarcados na sua Land Rover Defender, percorremos parte das Lagoas dos patos e do Peixe e avistamos inúmeras aves, muitas que eu conhecia apenas de nome, porém nunca havia avistado. Eu o Lesther estávamos encantados com a diversidade de aves e fotografamos inúmeras espécies. O sentimento de estar neste local é indescritível, entrar em contados com essas aves neste santuário ecológico é uma emoção que pode sentir apenas que vive essa experiência.



As paisagens são encantadoras as margens da Lagoa dos Patos os cavalos xucros correm livres apresentando um belo espetáculo.



A região é muito ventosa e o vento forte esculpe inúmeras formas nos bancos de areia.
Neste local fotografamos o Piru-piru, Batuira-de-coleira, Gaivota-maria-velha...




Da Lagoa dos Patos seguimos ao lado sul da Lagoa do Peixe a procura do Flamingo-chileno (Phoenicopterus chilensis) e da Viuvinha-de-óculos (Hymenops perspicillatus).

De longe avistamos dentro da Lagoa-do-peixe um bando de Flamingos-chilenos com mais de mil indivíduos e despreocupados fomos fotografar um casal de Viuvinha-de-óculos, pássaro que vive em banhados juncais as margens da Lagoa. Esse pássaro estava na minha lista de desejos e para minha felicidade consegui juntamente com o Lesther fotografar com uma boa  aproximação tanto o macho quanto a fêmea. 



Satisfeitos com os registros, olhamos e vimos ao longe o bando de flamingos levantarem voo. O Batista olhou e tentando entender o que havia acontecido percebeu que havia alguém se aproximando das aves e disse: que pena um pescador espantou os flamingos, continuamos olhando e lá vinha o Walter, todo contente com as fotos que conseguiu... Como diz o gaúcho - Bah tchê tu espantou os bicho! 

O Walter ficou todo constrangido pensando que tínhamos ficado chateados com ele, que nada. Se não se consegue fotos vale a contemplação. Esse é um dos segredos para se manter animado e perseverar nas saídas a campo.

Retornamos então para o sítio do Sr. Manoel aonde éramos esperados com um delicioso almoço. Essa família fez parceria com o guia Batista e recepciona em sua própria casa os turistas servindo uma comida simples, porém muito bem preparada por sua esposa e filha que aproveitam para oferecer seus trabalhos artesanais. A Soraya aproveitou para comprar belos panos de prato. Assim que almoçamos o Sr. Manoel todo orgulhoso nos trouxe seu livro de registro aonde seus hospedes deixam escrita uma mensagem de agradecimento pela acolhida. Ali vimos arrolados os nomes de inúmeros amigos observadores de aves de todo o Brasil e deixamos também nossa mensagem aquela tranquila família que vive num verdadeiro paraíso.

Com as forças recobradas, continuamos nossa expedição observando e fotografando os bandos de Cisne-de-pescoço-preto, Talha-mar, Trinta-réis-de-bando, Caraúna-de-cara-branca, Garças, Cabeça-seca...


 Após percorrer boa parte da Lagoa do peixe fomos em direção ao mar. As paisagens são de tirar o fôlego. Uma longa faixa de areia com a formação de belíssimas dunas faz o passeio ainda mais fantástico. 



Enquanto a Soraya, Lesther e Walter caminhavam nas dunas, eu o Batista tentávamos atrair o João-platino (Asthenes hudsoni) pássaro que vive bem próximo as dunas na vegetação de junco. Essa espécie responde prontamente ao ouvir seu canto, porém se esguia entre a vegetação que a confunde com sua coloração. Com muita persistência, mas sem muito tempo consegui alguns registros desta raríssima ave.  


Das dunas partimos para a praia aonde observamos um verdadeiro espetáculo que nos foi apresentado pelos bandos de maçarico-branco  (Calidris alba) que acompanhavam as ondas caminhando de forma sincronizada e por vezes alçando vôos e pousando logo à frente, Essa pequena ave migra da América do Norte para as praias do Rio Grande do Sul percorrendo cerca de 10.000 km. Simplesmente fantástico!



Já era tempo de voltar para hotel e estrada afora cada ave encontrada era observada e fotografada. Uma verdadeira overdose ornitológica direto na veia. Haja coração!

No dia seguinte as expedições continuaram, porém exploramos o sentido norte das lagoas dos Patos e do Peixe.

Uma das primeiras cenas que apreciamos e registramos foi a de um casal de Capororoca (Coscoroba coscoroba) nadando com seus filhotes, o dia prometia. 



De longe avistamos uns pontinhos pretos na Lagoa do Peixe, eram as Carquejas-de-bico-manchado (Fulica armillata) uma das minhas prioridades nesta viagem. 



Em Capão Alto/SC na companhia do Lesther e o amigo José Branco registramos a Carqueja-de-bico-amarelo (Fulica leucoptera) e agora tivemos o privilégio de fotografar essa outra bela espécie. 

Logo a frente outra espécie nos proporcionou belos registros. Um casal de Marreca-colhereira (Anas platalea).


Continuando pela estrada que margeia a Lagoa vimos alguns flamingos-chilenos, eram uns 12 indivíduos, que fotografamos a boa distância, penso que ali estava apenas 1% dos milhares que tínhamos visto no dia anterior.



Um dos roteiros era visita ao Farol de Mostardas construído em 1940 e que ainda está em atividade e é mantido pela Marinha Brasileira. Graças ao Batista que mantém ótima relação com os militares tivemos acesso ao local e pudemos subir os 39 metros do farol e ter uma vista belíssima de 360º.


Do farol fomos almoçar num restaurante a beira mar, aonde saboreamos um delicioso peixe e de lá continuamos nossa jornada.

Na parte da tarde chegamos num banhado coberto por palha de buriti, tentamos atrair pelo canto o João-da-palha (Limnornis curvirostris), espécie que ocorre no Brasil apenas no Rio Grande do Sul. Muito tímido pouco se mostrou, apenas o Lesther conseguiu fotografá-lo entre a vegetação. 

Dali partimos para a Lagoa dos Patos em busca do Papa-piri (Tachuris rubrigastra) pássaro que vive nas margens com cobertura de juncos e taboas. As margens da estrada nos banhados, avistamos capivaras e ratões-do-banhado, Gavião-caramujeiro, Irerês, socorzinhos, colhereiros e maçaricos-real.

Ao chegarmos ao local, logo ouvimos o som emitido pelo Bate-bico (Phleocryptes melanops), esse pássaro que ocorre nos banhados vive procurando alimento nos juncos e taboas e nos gramados as margens dos brejais. Foi assim que consegui fotografá-lo no momento em que capturava uma aranha.


Começamos a ouvir também a vocalização do Papa-piri e quando recorri ao meu mp4 o arquivo estava corrompido não funcionou no celular a mesma coisa, no zariguim (aparelhinho de som assim batizado pelo Lesther) e nada. Bah tchê esse danadinho é o pássaro mais colorido e lindo e queria muito fotografá-lo, mas sem o playback só contando com muita sorte para conseguir fotografá-lo, pois vive escondido entre a vegetação.  Sem ter o que fazer continuamos caminhando na esperança de ao menos vê-lo, foi quando algo mais  surpreendente estava para acontecer. Percebi quando a minha frente uma ave voou curto e tentou se esconder camuflando-se as margens do brejal. Com cuidado me aproximei e fiz alguns registros. Nosssssssa era uma raríssima Narceja-de-bico-torto (Nycticryphes semicollaris). O Batista ficou todo animado e disse: não acredito, todo mundo vêm para cá e quer ver essa ave e você conseguiu fotografá-la. Não perdemos tempo e continuamos a sua procura e com estratégia conseguimos acompanhar seu voo e fotografá-la várias vezes. Até me esqueci do Papa-piri, pois tinha conseguido um registro ainda mais surpreendente.



Retornando vimos um Tachã (Chauna torquata) cortar o céu e foi à única oportunidade que tivemos de fotografar essa belíssima ave e um dos últimos registros que fizemos antes de voltar par o Hotel.




Essa seria a última noite em Tavares. Jantamos e caímos na cama feito pedras! Na manhã seguinte nos despedimos do Batista que não é apenas um proprietário de Hotel e guia, mas em pouco tempo se tornou um grande amigo.

Seguimos viagem agora pela serra gaúcha, ao chegarmos a Taquara, aproveitamos para visitar o IACS - Instituto Adventista Cruzeiro do Sul, local aonde o Walter estudou em 1975.


Passando pelas belas cidades de Canela e Gramado,  visitamos alguns locais turísticos. As duas cidades são encantadoras. Lindamente decorada para o natal, Gramado é um charme.

Ah só para constar ao entrarmos em Gramado recebemos vários folders entre os quais havia uma promoção em forma de raspadinha que dava prêmios como  diárias em diversos destinos do litoral gaúcho e catarinense. Meio incrédulo comecei a raspar e Bah tchê não é que fomos premiados, ganhamos quatro diárias na praia para 8 pessoas. Vai ter sorte assim lá em Gramado!

Já no final da tarde do terceiro dia seguimos viagem passando por Galópolis, distrito de Caxias do Sul e as margens da rodovia avistamos um ninhal de Garça-vaqueira. Um espetáculo que não perdemos a oportunidade de registrar. Essas foram às últimas fotos que fizemos de aves no território gaúcho. 



Continuamos a viagem e fomos jantar em São Marcos e dali partimos em direção a Vacaria, terra natal do meu bisavô e continuamos viajando até Bom Retiro aonde depois de percorrermos nestes dias 1.435 km, chegamos às 01:00 hs da madrugada.

O que dizer ainda depois deste relato? Apenas minha gratidão  a equipe do AVISTAR na pessoa do Guto Carvalho e em especial ao amigo Batista pela atenção e dedicação a nós dispensada nestes dias em que nos guiou. 

Certamente iremos retornar a esse santuário ecológico e reviver toda essa emoção.




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© Todos os Direitos Reservados - Estas fotos estão protegidas pela Lei do Direito Autoral, Nº 9.610, de 19/02/98. Portanto é proibida qualquer reprodução ou divulgação, com fins comerciais ou não, sem minha prévia autorização. Contato: e-mail - dario_lins@hotmail.com

  

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Birdwatching na Serra Catarinense

Funcultural apóia lançamento de livro fotográfico



O Governo do Estado de Santa Catarina liberou recursos do FUNCULTURAL para publicação de livro de autoria do fotógrafo Dario Lins.

Intitulado: OLHAI AS AVES DO CÉU – Registro Fotográfico da Avifauna da Serra Catarinense, a obra apresentará fotos das mais belas aves, bem como das lindas paisagens da região serrana do Estado.

Em cada foto contextualizada pelo autor, o leitor poderá nas asas da imaginação voar como um pássaro pelas florestas de araucária, matas ombrófilas mistas, furnas, rios, cachoeiras, cânions e campos de altitude da fantástica Serra Catarinense.   


As páginas do livro apresentam fotos das mais belas aves, bem como das lindas paisagens da região serrana do Estado de Santa Catarina. Confira:







Serão 80 fotos de aves e 20 fotos paisagísticas neste primeiro volume. Interessados poderão entrar em contato através do site: www.dariolins.com e-mail: dariolins@dariolins.com ou através dos fones: (49) 32770295 e (49) 91429517.


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© Todos os Direitos Reservados - Estas fotos estão protegidas pela Lei do Direito Autoral, Nº 9.610, de 19/02/98. Portanto é proibida qualquer reprodução ou divulgação, com fins comerciais ou não, sem minha prévia autorização. Contato: e-mail - dario_lins@hotmail.com


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Birdwatching na Serra Catarinense


Funcultural apóia lançamento de livro fotográfico

O Governo do Estado de Santa Catarina liberou recursos do FUNCULTURAL para publicação de livro de autoria do fotógrafo Dario Lins.

Intitulado: OLHAI AS AVES DO CÉU – Registro Fotográfico da Avifauna da Serra Catarinense, a obra apresentará fotos das mais belas aves, bem como das lindas paisagens da região serrana do Estado.

Em cada foto contextualizada pelo autor, o leitor poderá nas asas da imaginação voar como um pássaro pelas florestas de araucária, matas ombrófilas mistas, furnas, rios, cachoeiras, cânions e campos de altitude da fantástica Serra Catarinense.   
Interessados poderão entrar em contato através do site: www.dariolins.com


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Birdwatching na Serra Catarinense

Exposição Fotográfica “AVISTAR 2011”
Blumenau/SC
UNIASSELVI/FAMEBLU - CAMPUS II


Entre os dias 04 à 21 de Outubro de 2011, as minhas fotos premiadas no maior concurso fotográfico de aves do Brasil - AVISTAR, estarão em exposição em Blumenau/SC, no Campus II da UNIASSELVI/FAMEBLU.

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http://www.dariolins.com/